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"Para avançar nessas prioridades, o presidente Lula anunciou a criação de uma força-tarefa especial no G20, cuja missão será forjar uma nova Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. A Aliança será um mecanismo para angariar recursos financeiros e conhecimentos onde eles são mais abundantes e canalizá-los para onde são mais necessários, apoiando a implementação e a intensificação de ações, políticas e programas em favor dos mais pobres, inclusive nas quatro áreas destacadas pela Cúpula Global de amanhã", escreveu o ministro Wellington Dias.
A íntegra do artigo:
Enfrentar a fome é uma prioridade para o Brasil e e o Reino Unido. Em 2012, nossos países organizaram em conjunto a Cúpula Global sobre a Fome, em Londres, no dia do encerramento dos Jogos Olímpicos, quando o Reino Unido passou o bastão ao Brasil para sediar a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, produzindo ações ambiciosas para o combate à fome e à desnutrição. Uma década depois, nossos países estão mais uma vez unidos, colocando o assunto no topo da agenda mundial.
Por que, mais de dez anos depois, precisamos atuar novamente? Apesar de décadas de aumento na produção global de alimentos, uma das metas da ONU — chegar à fome zero e acabar com todas as formas de desnutrição — não deverá ser alcançada até 2030. Ao contrário, cerca de 1 bilhão de pessoas foram vítimas de insegurança alimentar grave em 2022. Atualmente, 45 milhões de crianças com menos de 5 anos sofrem de subnutrição aguda.
Nossas ambições e nossos esforços coletivos não foram suficientes diante da dura realidade da nossa época. Mudanças climáticas, conflitos e alta volatilidade no preço dos alimentos têm levado vários países à beira da fome. Embora, em grande parte, as economias nacionais tenham se recuperado da pandemia de Covid-19, em muitos casos os mais pobres foram deixados para trás. É preciso mobilizar a comunidade internacional para reverter essa tendência, pois o acesso a alimentos adequados e nutritivos é um direito humano inalienável.
O Reino Unido refletiu sobre seu papel e o impacto que pode ter quando se concentra em mudanças sistêmicas, transformadoras e de longo prazo, por meio de parcerias modernas que priorizam o respeito mútuo. Veremos essa abordagem em ação quando o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, sediar a Cúpula Global sobre Segurança Alimentar — Rumo à Fome Zero e ao Fim da Desnutrição, amanhã, em Londres. O evento fará um chamado mundial à ação com quatro objetivos principais:
1) pôr fim à mortalidade infantil devido à desnutrição aguda;
2) colocar avanços científicos e tecnológicos a serviço da segurança alimentar e nutricional;
3) preparar e prevenir crises de fome e de segurança alimentar;4) criar sistemas alimentares sustentáveis e resistentes às condições do clima.
No dia 1º de dezembro, o Brasil assumirá oficialmente a presidência do G20. O presidente Lula é um líder global que conheceu a fome de perto quando criança. Mais tarde, se tornou presidente da República e liderou a luta bem-sucedida do país contra a fome. Agora, de volta ao governo, anunciou três prioridades para a presidência brasileira do G20:
1) o combate a fome, pobreza e desigualdade;
2) a transição energética e o desenvolvimento sustentável;
3) a reforma da governança internacional.
Todas as três reunidas no lema “Construir um mundo justo e um planeta sustentável”.
Para avançar nessas prioridades, o presidente Lula anunciou a criação de uma força-tarefa especial no G20, cuja missão será forjar uma nova Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. A Aliança será um mecanismo para angariar recursos financeiros e conhecimentos onde eles são mais abundantes e canalizá-los para onde são mais necessários, apoiando a implementação e a intensificação de ações, políticas e programas em favor dos mais pobres, inclusive nas quatro áreas destacadas pela Cúpula Global de amanhã.
Cercados como estamos por conflitos e divisões, conseguir promover mudanças duradouras pode ser um desafio. Mas temos de conseguir mesmo assim. A fome, a pobreza e a falta de oportunidades e de acesso a uma vida decente são os motores da guerra, da migração descontrolada e da disfunção social, que, por sua vez, geram mais pobreza e fome. Não podemos mudar o passado. Mas podemos trabalhar agora por sociedades mais inclusivas de modo a evitar as crises de amanhã.
*Wellington Dias é ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Andrew Mitchell é ministro britânico para o Desenvolvimento Internacional e África
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