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Amigo da família Bolsonaro revela "rachadinha" nos gabinetes de Jair, Flávio e Carlos

Aliado de Bolsonaro, Waldir Ferraz, o "Jacaré", revelou como funcionava o esquema para a Veja

Presidente Jair Bolsonaro

Presidente Jair Bolsonaro Foto: Adriano Machado / REUTERS

A revista Veja publicou, nesta quinta-feira (20), denúncias "bombásticas" feitas por um amigo há mais de 30 anos do presidente Jair Bolsonaro (PL) relatando a prática de "rachadinha" nos gabinetes de Jair — quando deputado —, e de dois de seus filhos, Flávio e Carlos Bolsonaro. Um dos amigos mais próximos do capitão, Waldir Ferraz diz que uma ex-mulher do mandatário comandou esquema nos gabinetes de Jair, Flávio e Carlos.

Waldir Ferraz é aposentado da Marinha Mercante e, segundo a revista Veja, afirmou que a advogada Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente, era a responsável por organizar e comandar a arrecadação irregular de parte dos salários dos servidores, prática enquadrada como crime de peculato.

Jacaré, como é chamado desde os tempos em que conhecia Bolsonaro pai na Câmara do Rio de Janeiro, ainda frequenta o círculo próximo do presidente e mantém encontros regulares com ele em Brasília.

Waldir Ferraz, o Jacaré, é aposentado da Marinha Mercante e amigo da família Bolsonaro
Foto: Ruy Baron / Veja

Ele afirma, segundo a revista, que, no entanto, Bolsonaro não sabia da prática das rachadinhas nos gabinetes, mas mesmo assim era o atual presidente que assinava as nomeações e exonerações dos servidores supostamente envolvidos na rachadinha.

"Ela (Ana Cristina Valle) fez nos três gabinetes. Em Brasília, aqui no Flávio e no Carlos. Ela que fazia, mas quem é que assinava? Quem assinava era ele (Jair Bolsonaro). É batom na cueca.", afirmou Waldir Ferraz, segundo a Veja.

A história de décadas de rachadinha na família presidencial teria começado na década de 90, conforme relata a revista, após Ana Cristina tornar-se responsável pela administração do gabinete de Jair Bolsonaro. A prática posteriormente, segundo ele teria afirmado à Veja, se espalhou para os gabinetes dos dois filhos, mas sempre comandado pela então esposa de Bolsonaro.

Após o período trabalhando com Jair, Ana Cristina comandou o gabinete de Carlos por 7 anos, na Câmara do Rio.

A ex-esposa de Bolsonaro nunca trabalhou oficialmente para Flávio na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), mas teve por lá parentes diretamente empregados. Com sua saída, quem operou o esquema de rachadinha foi o ex-PM Fabrício Queiroz, também amigo de longa data de Bolsonaro, segundo "Jacaré" relatou, conforme a Veja.

Entretanto, nem Flávio nem Carlos não tinham conhecimento do crime, conforme publicou a revista.

Foi somente com a denúncia dos relatórios do Coaf e das revelações na imprensa no início do mandato presidencial que Jair e os filhos ficaram sabendo, de acordo com Waldir Ferraz.

Ana Cristina e Carlos são investigados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por rachadinha. Flávio foi denunciado por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e organização criminosa, mas ainda em 2021 o STF (Supremo Tribunal Federal) devolveu a investigação do caso à estaca zero.

Já Queiroz chegou a ser preso preventivamente em um imóvel de Frederick Wasseff, advogado de Jair e Flávio, mas hoje cumpre prisão domiciliar.

Bolsonaro e os filhos alegam que as denúncias são infundadas, e que partem de adversários que procuram desestabilizar o governo.

Procurada pela revista Veja, Ana Cristina negou que comandava esquemas de rachadinha, alegou inocência e saiu em defesa de Jair, Flávio e Carlos. Ao mesmo tempo, alegou que quem "mandava no gabinete" e assinava as "nomeações e exonerações" eram os Bolsonaros.

“Não sou mentora da rachadinha. Ele (Bolsonaro) me chamava de sargentona, mas quem mandava no gabinete era ele. Quem assina as nomeações e exonerações é o parlamentar. Não faz sentido assinar sem ler porque todos eles são bem instruídos”, afirmou a ex-esposa de Bolsonaro, segundo a Veja.

A revista Veja relatou ter procurado, o presidente Jair Bolsonaro, que não se manifestou até a publicação do texto.

Entenda as denúncias de rachadinha na família Bolsonaro

No esquema, chamado de “rachadinha”, os funcionários são obrigados a devolver parte do salário para o parlamentar. A suspeita é de que a prática acontecia também no gabinete dos irmãos 01 e 02 do presidente Bolsonaro.

Flávio é acusado de liderar uma organização criminosa para recolher parte do salário de seus ex-funcionários em benefício próprio. A prática, conhecida como "rachadinha", consiste na exigência feita a assessores parlamentares de entregarem parte de seus salários ao parlamentar.

O filho do presidente foi denunciado à Justiça em novembro de 2020 sob a acusação de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. Os promotores de Justiça apontaram o policial militar aposentado Fabrício Queiroz, amigo do presidente Bolsonaro e então assessor de Flávio, como operador do esquema.

Segundo a denúncia, a prática ocorria em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde exerceu o mandato de fevereiro de 2003 a janeiro de 2019. Quando o escândalo veio à tona, no final de 2018, Flávio estava eleito para uma cadeira no Senado.

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Em novembro de 2021, uma decisão da Quinta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou provas da investigação da "rachadinha" contra Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) devolveu a apuração ao seu estágio inicial.

Mesmo com a decisão do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal, há documentos importantes reunidos no início da apuração que permanecem válidos mesmo após a decisão dos ministros do STJ. Eles foram obtidos, em sua maioria, pela equipe do então procurador-geral do Rio, Eduardo Gussem, quando Flávio ainda era deputado estadual. Neste período, o foro foi respeitado.

No caso do irmão, Carlos, a suspeita é de esquema semelhante. Nele, os funcionários são obrigados a devolver parte do salário para o parlamentar. Na ocasião, o Ministério Público mirou o filho de Jair Bolsonaro e mais 26 pessoas, incluindo a ex-mulher do presidente, a advogada Ana Cristina Siqueira Valle, que também teve seus sigilos quebrados.

Ana Cristina é suspeita de ser operadora do esquema no gabinete de Carlos. Ela teve sete parentes empregados na Câmara, uma delas Andrea Siqueira Valle, que também é investigada no caso de Flávio. A ex-mulher do presidente teve dez familiares empregados no antigo gabinete do senador na Assembleia Legislativa.

Leia mais em: https://veja.abril.com.br/politica/ex-assessor-de-bolsonaro-admite-esquema-de-rachadinha-no-cla-do-presidente/


Nova denúncia contra integrantes do clã Bolsonaro
Foto: Reprodução

Fonte: Yahoo!notícias / Redação

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