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Bolsonaro ordenou atraso de boletins para não serem veiculados em telejornais

Informações sobre a pandemia são divulgadas somente depois das 22h

Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro Foto: Reprodução

Desde esta semana a população brasileira já deve ter percebido uma alteração no horário da divulgação dos dados oficiais referentes à pandemia no país.  De acordo com uma fonte no alto escalão do Palácio do Planalto, a decisão é permanente e partiu diretamente do presidente da república, Jair Bolsonaro e, a partir de agora, a divulgação será apenas às 22h. As informações são do jornal Correio Braziliense.

No primeiro dia do atraso na divulgação dos boletins epidemiológicos, na última quarta-feira (3) o Governo alegou problemas técnicos, entregando os dados oficiais da doença apenas às 22h. Porém, na quinta-feira (4) o atraso também ocorreu, mas sem qualquer explicação convincente por parte do governo. E foi na quinta também a  data em que novo recorde de mortes foi registrado no país, contabilizando 1473 mortes em decorrência da doença, e o horário das 22h se manteve. Nesta sexta, um porta-voz do governo explicou que a mudança faz parte de uma estratégia do presidente Jair Bolsonaro.

A intenção em atrasar o horário da divulgação dos dados epidemiológicos não é nenhuma novidade para membros ligados ao governo. Segundo fontes internas, o interesse em fazer esse tipo de manobra existia desde a gestão do ex-ministro da Saúde, Luís Henrique Mandetta, que se recusou a acatar a ordem presidencial alegando que a medida iria ter forte impacto no combate à epidemia.

O objetivo da medida é claro, impedir que os telejornais noturnos de maior audiência no país possuam as informações sobre o avanço da doença, criando assim uma cortina de fumaça nos números oficiais da doença no país, mesmo que estes dados já estejam disponibilizados pelas secretarias estaduais de cada estado a partir das 19 horas.

Ao longo dos últimos meses, o Ministério da Saúde teve três titulares diferentes e cada um realizada a divulgação dos dados em um horário diferente. Com Mandetta, os boletins eram divulgados por volta das 17h, quando ocorriam as coletivas de imprensa que eram realizadas diariamente. Já com Nelson Teich, que ficou menos de um mês no cargo, o horário passou a ser às 19 h, e agora, com as novas orientações do próprio presidente da república, o horário de divulgação passou a ser às 22h.

Na última quinta-feira, a pasta confirmou um novo recorde no número de mortes diários da doença, com 1.472 novas mortes, fazendo com  que o país elevasse para 34.021 o número de mortes em decorrência da pandemia desde que os números oficiais começassem a ser contabilizados. O número de infectados também aumentou, só na quinta-feira mais 30.925 novos casos da doença foram registrados, aumentando para 614.941 infectados em todo o país.

Como medidas para evitar a manobra do Governo em retardar a divulgação dos dados oficiais sobre a pandemia, o Jornal Nacional, anunciou que a partir desta sexta-feira (5) irá coletar as informações de todas as secretarias estaduais de saúde por conta própria.

Fonte: Correio Braziliense

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