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O relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou neste sábado (26) que o colegiado começou pelo vírus, em alusão ao novo coronavírus, e chegou "ao câncer da corrupção". "CPI se sabe como começa, não como termina. Esta começou investigando o vírus e acabou chegando ao câncer, ao câncer da corrupção", afirmou o senador.
Nesta sexta-feira (25), o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), entrou no centro das apurações da CPI da Covid sobre supostas irregularidades na compra da Covaxin.
O nome de Barros foi citado pelo colega Luis Miranda (DEM-DF). Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atribuiu ao líder do governo envolvimento na aquisição da vacina indiana.
"A senhora [senadora Simone Tebet (MDB-MS)] também sabe que foi o Ricardo Barros que o presidente falou. Eu não me sinto pressionado para falar, eu queria falar desde o primeiro momento, mas é porque vocês não sabem o que vou passar", disse Miranda, após ser questionado diversas vezes sobre qual parlamentar teria sido citado pelo mandatário.
Renan disse neste sábado que ainda não há consenso para a prorrogação da CPI. Os trabalhos valem por 90 dias e devem terminar no dia 7 de agosto. Se prorrogada, irá até novembro.
"Ainda não [há entendimento pela prorrogação], mas o governo continua obstruindo, intimidando testemunhas, mentindo através de seus depoentes e dificultando o acesso aos documentos – 25 dias depois da aprovação do acesso, o MS [Ministério da Saúde] continua a impedir. Agora, com o acesso à corrupção, o grande esquema de corrupção, esta prorrogação se justifica", afirmou.
De acordo com o senador, no entanto, a coleta de assinaturas para uma prorrogação é viável. Para a CPI estender os trabalhos, é necessário o apoio de 27 dos 81 senadores. "Assinaturas esta CPI sempre teve em excesso. Por isso foi criada, instalada e funciona como nenhuma outra funcionou. Modestamente, não haverá problema", disse Renan.
Segundo o relator, o trabalho do colegiado tem surtido efeito. "A CPI já impactou muita coisa, uma delas foi o estímulo à volta às ruas, desde que com máscara e com cuidados sanitários", disse.
O caso sobre supostas irregularidades na compra da Covaxin pelo governo Bolsonaro foi revelado pela Folha no dia 18 de junho, com a divulgação do teor do depoimento do irmão do deputado do DEM, o servidor Luís Ricardo Miranda, do Ministério da Saúde.
Ele disse em oitiva no Ministério Público Federal que recebeu uma pressão "atípica" para agilizar a liberação da vacina indiana, desenvolvida pelo laboratório Bharat Biotech.
Na leitura da cúpula da CPI, as investigações, após o depoimento de sexta, entram em novo patamar devido às declarações sobre Ricardo Barros. Os parlamentares ainda consideram que atingiram o discurso de combate à corrupção do governo Jair Bolsonaro.
Para um membro da comissão que falou reservadamente com a Folha, o colegiado acredita que terá maior apoio da opinião pública, mas precisará entregar mais elementos sobre as suspeitas de irregularidades na compra da vacina.
Segundo Miranda, ao avisar Bolsonaro das supostas irregularidades, o presidente teria prometido acionar a PF (Polícia Federal) para investigar o caso. Mas a PF não encontrou registro de nenhum inquérito aberto sobre compra da vacina Covaxin.
"O presidente só não disse que não podia fazer nada porque seria ruim para ele", afirmou Renan.
Para a cúpula da CPI, há fortes indícios de que Bolsonaro cometeu crime de prevaricação, por não ter acionado a PF. A oposição ao governo diz que a omissão do presidente mostra que ele agiu de acordo com os interesses pessoais e políticos.
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