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Chefe de Vistoria do Detran-PI fatura até R$ 5 mil por dia com fraude do "carro fake"

Operação Hidra de Lerna prendeu 15 envolvidos, inclusive três servidores do Detran-PI

Sede do Detran-PI

Sede do Detran-PI Foto: CCom

A Polícia Civil do Piauí deflagrou, na manhã desta quinta-feira (30), a Operação 'Hidra de Lerna', para prender uma quadrilha responsável por fraude na expedição de documentação para venda de veículos que nunca existiram, os chamados "carros fake". O esquema provocou prejuízos para pessoas comuns, empresas e bancos, além do proprio Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PI).

“O prejuízo em relação a este inquérito é em torno de 12 milhões de reais, mas nós acreditamos que só no estado do Piauí gire em torno de 140 a 150 milhões”, adiantou o delegado Odilo Sena, titular do 13º Distrito Policial, responsável pela investigação que já prendeu 15 envolvidos, inclusive três servidores do Detran-PI, além de empresários e despachantes. Estão sendo cumpridos 21 mandados de busca, apreensão e prisão temporária. 

“Foram expedidos 21 mandados entre busca e apreensão e de prisão temporária. Essa é a sexta fase da operação, na verdade. As outras foram coisas pontuais, porque a gente não estava entendendo a situação e quando a gente se deu conta era esse alvoroço todo que causou um enorme prejuízo, tanto para a pessoa física, jurídica, como para o Detran”, acrescentou Odilo Sena, em entrevista coletiva no começo da tarde de hoje..


“Sem a atuação do servidor no sistema, a organização criminosa não teria documento, temos informações no inquérito policial que dão conta de que o chefe da vistoria recebia de R$ 1 mil  a R$ 5 mil  por dia e cada processo de primeiro emplacamento era em torno de R$ 200 a R$ 250, isso sem falar nas vendas dos decalques, que o chefe de vistoria vendia para despachantes”, revelou Odilo Sena.

Além da prisão do chefe de Vistoria do Detran-PI, outros dois funcionários do órgão também foram presos. “Na montagem do processo inicial era criada uma empresa fantasma e essa empresa se transformava numa certificadora digital e com isso ela poderia, via sistema, buscar pequenas e médias empresas que tinham a segurança cibernética mais vulnerável, e com o hacker entrando no sistema, subtraiam o número de um chassi, montava um processo administrativo e esse carro era emplacado em outro lugar”, explica.

Os servidores do Detran expediam o documento de emplacamento do veículo, que não existia. “Se você comprar um veículo, o carro deve para aparecer em dois momentos lá no Detran ou na empresa responsável: no primeiro momento na vistoria e no último momento na fase do emplacamento. Se o veículo não existe, é porque alguém [do Detran] deixou passar", explicou 


“No sistema bancário, com o documento em mãos, com um celular, o primeiro proprietário contratava um laranja para criar uma transação falsa, onde a pessoa que estava comprado o veículo dava um valor de 40% a 60% do veículo, geralmente os veículos eram de alto valor, e o banco, observando que a pessoa pagava, ele entendia que a pessoa podia pagar as prestações vindouras e isso era o grande mote do crime porque o primeiro proprietário recebia os empréstimos”, ressalta o delegado Odilo Sena.


Nota da Polícia Civil

"A Polícia Civil do Estado do Piauí, atuando pela 13ª Delegacia de Polícia Civil de Teresina, cumpriu 21 mandados de busca e apreensão e de prisão temporária em face de vários indivíduos na manhã desta quinta-feira, 30 de junho.

A operação tem relação com investigações que foram iniciadas em razão de fraudes ocorridas em detrimento do Detran-PI e de pessoas físicas e jurídicas que sofreram um prejuízo estimado em apenas um inquérito policial no valor de 12 milhões de reais.

Após levantamento investigativo pelos policiais da 13ª DP, chegou-se a conclusão que inúmeras documentações relativas ao primeiro emplacamento foram falsificadas com a intenção de se obter o DUT/DUAL com a finalidade principal de aplicar golpes na rede bancária com veículos inexistentes (veículos fakes), trazendo prejuízo considerável para toda uma cadeia produtiva que vai desde a compra do veículo na fábrica e se estendendo até o comprador final, passando pelo Detran-PI e rede bancária.

O esquema tem relação direta com alguns servidores do Detran-PI e com um grande e complexo número de criminosos de dentro e fora do Estado do Piauí, totalizando quase uma centena de investigados  e envolvendo também praticamente Departamentos de Trânsito de todo o Brasil com prejuízo estimado em aproximadamente um bilhão de reais. 

A Operação Hydra de Lerna foi deflagrada com apoio de diversas unidades policiais com apoio do Grupo de Repressão ao Crime Organizado, Depre, Polinter, DINT, DECOR, DRCI, DH de Timon (17ª Regional), Regional Campo Maior, DICAP, GPE, FEISP e 12ª DP e ainda DINT-PMPI e PRF-PI.

Assessoria de Comunicação "

Fonte: Polícia Civil do Piauí

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